Volante falou sobre Liverpool, Seleção Brasileira, Neymar e o fracasso na Copa América - Sambafoot
Lucas Leiva, 24 anos, é titular do Liverpool e da Seleção Brasileira. Vivendo um dos melhores momentos na carreira, tendo sido eleito o jogador do ano da temporada passada pelos torcedores de seu time, o volante falou com exclusividade ao Sambafoot em um longo papo em Londres. A Premier League, a Seleção Brasileira e o fracasso na Copa América, a Copa de 2014, Neymar e diversos outros assuntos foram abordados nessa longa entrevista, que você confere com exclusividade aqui no portal.
* Tradução: Camila Carvalho e Thales Machado
O que você acha da maneira como o Liverpool começou a nova temporada da Premier League?
Bem, claro que eu acho que gostaríamos de ter começado melhor, queríamos estar agora em uma posição melhor. Acho que tivemos poucos jogos bons nos quais jogamos realmente bem, mas infelizmente perdemos alguns pontos, principalmente em casa. E é crucial, mas também temos novos jogadores que chegaram agora no inicio da temporada, então somos um novo time. A esperança é que nos próximos jogos e durante toda a temporada entraremos numa crescente, chegando às posições mais elevadas. Mas agora no inicio da temporada, claro que gostaríamos de estar melhor colocados.
Você está confiante que vocês vão alcançar o objetivo de estar entre os quatro primeiros:
Estou. Acho que somos capazes de ficar entre os quatro primeiros. Sabemos que há muitos times que brigarão pelas posições, como Tottenham, Arsenal, entre outros. Newcastle também esta fazendo um bom trabalho até o momento e o Chelsea esta sempre na briga. Nos temos que estar certos, especialmente nos jogos em casa, como eu já disse, de que iremos pontuar e que sairemos de casa também em busca de pontos, e assim acho que ficaremos bem na competição.
Deve ter sido muito gratificante para você ganhar o Premio “Jogador do ano da torcida” na última temporada, depois de algumas dificuldades no inicio de sua carreira na Inglaterra?
Eu estou muito feliz com a forma que venho jogando, com o papel que tenho no time. Quando vim para o Liverpool, sempre pensava em ser um jogador importante e penso que, passo a passo, estou chegando lá e com a esperança de que serei o mesmo pelos próximos anos.
Durante suas duas primeiras temporadas, quando os torcedores estavam um pouco em cima de você, achou que as criticas foram um pouco injustas, considerando que você e um jogador novo se mudando para um país novo?
Não sei se foi justa ou não. Pra ser honesto, nunca pensei sobre isso. Só pensei sobre crescer como jogador, tentei trabalhar duro e me tornar um jogador melhor, alem de me adaptar ao estilo do futebol inglês. Claro que isso leva um tempo, mas eu realmente me sinto confortável agora e tento não falar muito sobre isso, porque isso é passado e me ajudou a ser um jogador mais forte, alem de uma pessoa melhor.
Pra você, qual a maior diferença entre o estilo inglês e o modo como estava acostumado a jogar no Brasil?
É o ritmo do jogo. Aqui, é mais rápido e físico. Tem mais contato e os árbitros deixam o jogo correr mais do que no Brasil. Quando cheguei, encontrei dificuldades, mas tive que me adaptar se quisesse alcançar coisas boas no clube. Agora, como já disse, me sinto muito confortável aqui.
Depois de ganhar um premio individual, está entusiasmado para agora ganhar um troféu com o Liverpool?
Quando você joga pelo Liverpool, está sempre pensando em ganhar títulos, e comigo não é diferente. Já são quatro ou cinco anos desde que o Liverpool conquistou seu ultimo troféu, então o time que alcança isso e conquistar um troféu entrará na história do clube, e eu estou realmente em busca de fazer isso. Espero que seja em breve.
Todos os jogadores estão sentindo falta de jogar uma competição Européia?
Eu acho que qualquer jogador gostaria de estar em uma competição européia. Acho que é importante para o clube e também para o jogador. A atmosfera é sempre excelente, especialmente no Anfield, onde os jogos europeus são sempre muito especiais. Mas agora precisamos nos concentrar na Premier League e na Copa também, e tentar retornar aos torneios europeus na próxima temporada.
Essa é sua quinta temporada no Anfield. Você se vê permanecendo aqui ate o fim de sua carreira?
Quando cheguei, não imaginava que ficaria aqui por sete ou oito anos, mas se chegar ao final do meu contrato ficarei aqui durante todo este tempo. Então, por que não mais? É só uma questão de estar confortável e feliz, se o comandante esta feliz com você e se o tem em seus planos. Não gosto de ficar me mudando muito, e estou bem feliz aqui. Mas no futebol, sabemos que cada semana é diferente, você tem que ver o que acontece. Mas, como disse, estou muito feliz, e não consigo ver porque não ficar aqui por muitos anos.
Você gostaria de voltar a jogar no Brasil antes de se aposentar?
Claro, quero muito poder fazer isso. Meu plano não é voltar agora para o Brasil, mas gostaria de ir antes de parar. Talvez para jogar de novo no Grêmio, o clube que me formou. Foi onde tudo começou. Mas ainda tenho muitos anos para jogar, e muitas coisas vão acontecer antes de me aposentar, então acho que isso ainda vai demorar um pouco.
O Grêmio seria sua única opção no Brasil?
No momento ainda não penso em voltar a jogar no Brasil. Não é minha primeira opção agora. Se você está feliz num clube, não há razão para sair. Eu falei sobre o Grêmio porque conheço o clube e as pessoas. É um clube grande e me deu tudo que precisei para jogar bem. É difícil falar em algum outro clube agora porque não sei o que vai acontecer, nunca se sabe o que pode acontecer no futuro.
Você é um dos quatro jogadores brasileiros a atuar mais de 100 vezes na Premier League. Na sua opinião, por que os jogadores do Brasil não permanecem na Inglaterra tanto tempo como costumam permanecer na Espanha ou Itália, por exemplo?
Acho que, primeiramente, o estilo do futebol é diferente. Como disse, tive que mudar um pouco meu estilo para poder ir bem na Premier League. Talvez alguns jogadores brasileiros não queiram mudar seus estilos. Alem disso, a própria Inglaterra é diferente. Espanha e Itália são mais parecidas com o Brasil, o que faz com que muitos jogadores escolham atuar por lá. Mas atualmente temos muitos brasileiros jogando na Inglaterra, o que significa uma maior adaptação a Premier League.
Mudando para a Seleção Brasileira, o que deu errado na Copa América?
É sempre difícil falar, mas é claro que gostaríamos de ter conquistado a Copa América. No jogo contra o Paraguai, não acho que merecíamos ter perdido nos pênaltis, não foi um bom dia. Faltou-nos tanta sorte que perdemos todas as cobranças. É um time novo, com novos jogadores, e é sempre difícil construir novas equipes. Principalmente quando se trata da Seleção Brasileira, que não tem como treinar junta muitas vezes. O objetivo é a Copa do Mundo. Temos que levar essa experiência da Copa América aos próximos jogos da Copa das Confederações e, depois, para a Copa do Mundo.
Você ficou muito desapontado por encerrar sua primeira competição com a Seleção Brasileira levando um cartão vermelho?
Eu não acho que errei tanto a ponto de levar o cartão vermelho. Foi apenas uma discussão entre os jogadores, e acho que o árbitro escolheu dois jogadores para serem expulsos. Infelizmente, fui um dos escolhidos. Foi decepcionante, porque se você faz uma falta dura ou algo assim, é capaz de entender. Mas nesse caso você apenas tem que sair de campo e tentar aprender alguma coisa com isso.
Durante a competição, muito se ouvia sobre Neymar e Ganso. Você acha que havia muita pressão em cima de dois jogadores tão jovens?
Eu acho sim. Como disse, é um novo time e quando o técnico o está construindo, normalmente, a pressão cairá mais sobre alguns jogadores que estarão com maior freqüência nas manchetes de jornal. Sabemos que Ganso e Neymar são excelentes jogadores, e que fazem um bom trabalho no Brasil. Mesmo antes, a pressão já existia, quando todos pediam que os dois fossem para a Copa do Mundo de 2010. Eles são o futuro da Seleção e acho que a pressão é sempre muito grande. Eles foram bem, apesar do resultado obtido.
Os resultados estão começando a melhorar para o Brasil agora, com quatro vitorias nos últimos cinco jogos. Você acha que isso está ligado à volta de Ronaldinho ou existe algo a mais?
Claro. Ele é um jogador chave, tem experiência. Não precisamos nem falar sobre sua qualidade, porque sua carreira é fantástica. Agora que ele está jogando no Brasil, pode ser que algumas pessoas na Europa acabem esquecendo-se dele, mas Ronaldinho continua jogando bem e marcando gols. Acredito que ele trouxe mais qualidade e experiência à Seleção, o que ajuda muito os jogadores mais novos. Sem duvidas ele será um dos jogadores-chave para o Brasil nos próximos anos.
Muitas pessoas acabam pressionando o Brasil, com a obrigação de ganhar a Copa de 2014, por ser o país sede. Você acha que não levar o mundial pode ser considerado um fracasso?
Não acho que as pessoas no Brasil consideram outra opção que não seja a de ser campeão, principalmente nesse caso, onde serão os anfitriões. O fato de a pressão ser muito grande pode ser bom ou ruim. Como um time, temos que nos preparar e aproveitá-la de forma positiva nos próximos anos, assim estaremos prontos e seremos capazes de superar a pressão que teremos no Brasil.
O Brasil não terá jogos decisivos ate o início da Copa das Confederações, em 2013. Você vê isso de forma positiva, visto que Mano Menezes poderá testar novos jogadores e formações, ou de forma negativa, com a perda de pratica em jogos mais difíceis?
Existem coisas boas nisso, porque da a chance de o treinador testar novas formações e colocar novos atletas para jogar. Mas não jogar partidas que determinam rumos em uma competição é sempre difícil, uma vez que queremos estar em jogo valendo três pontos com a atmosfera de um jogo oficial. Então, estamos levando os amistosos a serio. No último jogo, estávamos com um jogador a menos, contra o México, e ganhamos. Se estivéssemos tratando como um simples amistoso, provavelmente não seriamos capazes de ganhar aquela partida. Levamos esses jogos a sério porque esse é o único caminho para ficarmos prontos para a Copa do Mundo.
Vai ficar muito orgulhoso de jogar pelo Brasil em uma Copa do Mundo em casa?
Bom, primeiro tenho que ter certeza que estarei na lista. Se tiver a chance de jogar, será um sonho. Jogar uma Copa do Mundo no seu país, ao lado da família, com todos os brasileiros assistindo e apoiando o time. Acredito que será um clima excepcional. Espero ir bem até lá e garantir a chance de atuar.
Existem muitas jovens promessas surgindo bem no Brasil atualmente. Já mencionamos Neymar e Ganso, mas tem também Leandro Damião e Lucas Moura. Se você pudesse escolher um jogador que atua no Brasil para o Liverpool, qual escolheria e por quê?
Acho que no momento Neymar é o jogador mais importante no Brasil. Ele tem tudo que um jogador precisa. Habilidade, ritmo, garra e podemos ver que não gosta de perder, quer jogar todas as partidas. Além disso, é muito jovem, e acho que ainda vai crescer como jogador. Então, pelo momento, o escolheria. Mas não acho que seria barato consegui-lo!
Todos esses jovens jogadores vêm sendo perguntados sobre jogar na Europa. Pela sua experiência, quão difícil é deixar seu país de origem tão novo para jogar por um dos maiores clubes do mundo? E qual conselho você daria a eles se resolvessem mudar?
Quando eu mudei, tive que ser paciente e tentar me adaptar o mais rápido possível. Eles terão que aprender a língua e mudar seu estilo de jogo, porque cada pais tem seu próprio estilo. Na Espanha, não é fácil, mas talvez mais parecido. Mas se você se muda para a Inglaterra, terá que ser paciente e trabalhar duro para se adaptar bem e rapidamente.
No passado, alguns jovens jogadores brasileiros tiveram problemas quando se mudaram para a Europa. Você acha que essas jovens estrelas já citadas farão melhor em esperar para mudarem quando estiverem um pouco mais velhos, tendo mais experiência e estando mais acostumados com a pressão?
Acho que pode ser uma boa ideia para eles, mas mesmo que mudem com 23 ou 24 anos, terão que se adaptar e muda o estilo de jogo. Se mudarem mais cedo, talvez tenham mais tempo para a adaptação. Se eles mudam mais velhos, talvez não tenham o tempo que precisam. Precisam pensar no que é melhor para eles. Na vida, precisamos tomar decisões, que algumas vezes dão certo, outra vezes, errado. Mas é preciso superar e fazer o que tiver que ser feito.
Você continua acompanhando como o Grêmio vem no Campeonato Brasileiro?
Sim, continuo os acompanhando. Nesse momento não estão indo muito bem. Estão no meio da tabela, mas estão melhores que no inicio quando estavam perto da zona de rebaixamento. Espero que a próxima temporada seja melhor para o Grêmio.
O que você acha da corrida pelo título a essa altura do Campeonato Brasileiro?
É demais! Essa temporada está sendo incrível, porque há seis times na disputa pelos títulos com sete jogos a serem realizados (a entrevista foi realizada antes da rodada do fim de semana). Todo final de semana assisto aos jogos na televisão porque é demais. O campeonato é tão competitivo, e os jogadores adoram jogar lá. Você vê grandes jogadores desejarem voltar ao Brasil porque o Campeonato Brasileiro é muito difícil e competitivo.
Você acha que o fato de ter muitos times brigando pelo titulo já na reta final da competição faz do Brasil um lugar mais empolgante de se jogar do que a Inglaterra, onde, geralmente, no final dos campeonatos há apenas dois ou três times na disputa?
Essa temporada tem sido assim no Brasil, mas em outras épocas foi mais ou menos como na Inglaterra, com três ou quatro times na disputa. Esse ano está sendo completamente diferente e é bastante interessante, porque ver seis ou sete times na briga pelo titulo é muito mais emocionante. Mas na Premier League, mesmo que os favoritos sejam sempre os mesmos, os pequenos estão sempre dispostos a jogar bem, o que faz do campeonato ser emocionante também.
O que você espera alcançar no seu tempo no Liverpool?
Acho que conquistar um titulo é o que desejo e venho correndo atrás. E, claro, sempre melhorar como jogador e me tornar um atleta de sucesso na historia do Liverpool.
Fonte: Sambafoot
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